quarta-feira, 15 de abril de 2009

Quero saber se você vem comigo


Quero saber

Quero saber se você vem comigo
a não andar e não falar,
quero saber se ao fim alcançaremos
a incomunicação; por fim
ir com alguém a ver o ar puro,
a luz listrada do mar de cada dia
ou um objeto terrestre
e não ter nada que trocar
por fim, não introduzir mercadorias
como o faziam os colonizadores
trocando baralhinhos por silêncio.
Pago eu aqui por teu silêncio.
De acordo, eu te dou o meu
com uma condição:
não nos compreender

Pablo Neruda

4 comentários:

Eduardo Trindade disse...

Bonito! Não lembrava destes versos nerudianos...
Abraços!

BLOGZOOM disse...

Ele é sensacional! Eu entrei no clima e fiquei imaginando!

ivandro disse...

SO TENHO A DIZER DEPOIS DE TÃO LINDOS VERSOS:EU VOU

namoro disse...

Salvo a imensa distância qualitativa de conteúdo (eu e o Mestre), muitas vezes sou exatamente dessa maneira.
Como dizia meu padrasto: o silêncio vale ouro. Se aprofundarmos o tema poderemos notar que em muitas oportunidades magoamos e somos magoados por palavras que poderiam ter sido contidas naquele momento. Ou, apenas apreciar o som do universo.
Beijo
Mas, Neruda é Neruda...